sexta-feira, 13 de setembro de 2013

PAI ou Genitor

Mail que mandei para Marcelo Gonzatto que assina a matéria "Games violentos nos bancos dos réus" publicada nas páginas 42/43 da Zero Hora de 12 de setembro de 2013

Assim, se for ler, por favor: sem mimimi


"Olá Marcelo.

Sou Eduardo, 48, militar reformado por saúde, cristão praticante, marido, pai e JOGADOR.

Abaixo não faço apologia a marcas, desenvolvedoras de games, consoles, só queria expor umas idéias.

Li a matéria nas pág. 42/43 da Zero Hora deste 12 de setembro, buscando certa imparcialidade, por me preocupar como pai e ter "brios" de jogador.
Ocasionalmente como freelancer ajudo amigos numa loja de informática, onde se vendem games(para PC, Xbox, PStaytion, Wii...)
Em uma semana, à vezes atendo pelo menos uma centena de pessoas que entram em buscas de games. Um numero bem grande de  filhos acompanhados por seus pais em busca de novidades no ramo. 
Uma coisa salta aos olhos: os pais compram jogos para os filhos, mas na maioria das vezes alegam que "pelo menos ficam entretidos em casa, não estão na rua fazendo bobagem"
Eu sempre pergunto: "-O Sr/Srª também joga/já jogou?
A resposta na maioria das vezes é "-Eu não entendo nada dessas coisas, de computador, meu(s) filho(s) que sabe tudo disso aí"... 

A frase atribuída interneticamente à John Lennon diz que "A ignorância é uma espécie de bênção. Se você não sabe, não existe dor."
Parafraseando ou melhor, refazendo a frase, ouso dizer que "A ignorância é uma espécie de maldição. Se você não sabe, alguém que sabe usará isso a favor dele."

Falaram de Assassin's Creed como "motivador" desse crime em SP.
Alguém dos participantes da matéria por acaso já teve contado com um dos 5 jogos da saga? Ou leu os livros?(sim livros!!!)
Alguém googleou pelo menos para achar numa Wikipédia sobre o que é o jogo ou só o título basta?

"Altaïr, o primeiro ancestral acompanhado por Desmond, é um membro de um grupo denominado 
Assassins (assassinos). Este grupo vive três leis absolutas:
    1. Nunca matar uma pessoa considerada inocente;
    2. Sempre ser discreto;
    3. Nunca comprometer a fraternidade."

Em momento algum falaram em jogos como GTA V. Desde 1997 ensinando atropelar transeuntes, roubar, atirar e fugir da polícia entre outras "atividades"
A série Need for Speed, de corridas, as versões que fazem mais sucesso são as que tem perseguição policial nas corridas de rua, e segundo a maioria com quem já falei não gosta da opção "jogar como polícia" da modalidades do jogo


Já vendi Call of Duty Modern Warfare para Wii (video)  para uma mãe de um adorável e esperto garoto que
tinha no máximo 7 anos, que ganhou (da mãe) junto com o jogo um acessório que transforma o controle do videogame numa arma(foto)
"A Srª joga?" "Sim, mas esses de tiro eu só assisto"

Essa versão de Call of Duty é para 16 anos na classificação da PEGI.
Há casos da classificação nacional ser diferente e um selo com idade diferente vir colado na embalagem sobre a classificação internacional

Posso ser de uma outra geração, que respeitava pai e mãe e tinha que tirar boas notas na escola não para ganhar um jogo/console, mas porque isso era
a minha obrigação. Quando rolava um Banco Imobiliário no Natal era o suprassumo de um ano bem aproveitado.
Os genitores (aqueles que geram... pai é o que cria, reza a lenda...) compram videogames/computadores para serem babás de seus filhos, querem mantê-los por perto, sobre uma "pseudo-égide"
de controle, já que tem o poder aquisitivo.


NUNCA abri nem abro meu direito e dever como PAI (não só genitor) de saber, comentar, incentivar ou criticar os conteúdos diversos consumidos pelos diversos meios de mídia.
Jogo diversos jogos e toda a família também. SEMPRE fui eu que coloquei esse meio de diversão dentro de casa, logo sou o filtro mais chato.
Nos idos dos 90 eu e minha esposa tivemos algumas brigas por causa de jogos... pelos controles. Afinal Super Mario era apenas um jogador por vez um tinha de morrer para o outro jogar
Minhas duas filhas já começaram nesse meio, mas sempre tiveram prazer em andar de bicicleta, passear e fazer outras coisas além de uma tela.

Uma coisa que não vi em nenhum momento na reportagem, é uma orientação para uma PAIticipação. 
Falar com os filhos, sim, conversar com vendedores para saber detalhes, sim, Googlear sobre os títulos, sim 
mas nada substitui o SENTAR JUNTO, dividir o controle, abraçar e beijar como recompensa e não deixar o jogo fazer isso.
Meu pai não jogou bola comigo. Mas esteve presente de maneiras bem diversas me ensinando outras coisas, assim como minha mãe.
Criei e ainda crio minhas filhas (18 e 16 anos) não com cabresto e relho, mas com limites, conversa franca, recompensa e castigo.
Apesar de lutarmos com espadas contra dragões em Skyrim, constituirmos famílias estranhas no The Sims, provocarmos avalanches de acidentes
em Burnout Paradise, explodirmos tanques e helicópteros inimigos em Battlefield 3, passar todos limites de velocidade em Forza Motosport ou
cometendo alguns assassinatos nos Assassin's Creed, posso te afirmar uma coisa:

Não apresentamos risco para a sociedade e as notas da faculdade e da escola das meninas estão em dia (e ai que não estejam...)

Na boa, aqueles piá de Columbine, ou esse guri de São Paulo não tinham PAI e MÃE, só genitores..."